domingo, 14 de abril de 2013

O desprezo da presidente pela Dama

Thatcher ficou famosa por comandar com mãos de ferro mudanças no Reino Unido que tirariam o país de uma grave crise política e financeira (Life) 

Enquanto líderes mundiais lamentavam com longas e sinceras palavras o falecimento da Dama de Ferro, Margaret Thatcher, ilustre mulher e política do século XX, no Brasil a postura de nossa chefe de Estado foi na direção contrária. Dispensada nota de pesar como a que foi dada a Hugo Chávez, nossa presidente mandou que a Secretaria de Imprensa da Presidência da República divulgasse simples e curta nota dizendo que “ao tomar conhecimento hoje da noticia do falecimento de Margaret Thatcher, a presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte da primeira-ministra”.

Tal postura é totalmente impertinente e surreal em um país cuja presidenta formou o governo com o maior número de ministras da história e, falando em presidenta, mudou até regras gramaticais quando sancionou lei determinando o emprego obrigatório da flexão de gênero em documentos públicos para que fosse chamada de “presidenta” - a fim de dar um toque mais feminino ao cargo historicamente ocupado só por homens.

Todavia, o comportamento visto demonstra que antes mesmo de se ligar com a causa feminina, Dilma é apegada à ideologia. Como Margaret Thatcher foi uma exímia defensora do pensamento liberal e árdua combatente do Estado de bem-estar social, o seu receituário entre em conflito direto com o pensamento que o PT tenta implantar no Brasil, e seria totalmente contra o ideal histórico do partido reconhecer o mérito da britânica.

Durante seus anos como Primeira-ministra, entre 1979 e 1990, dispensou tratamento diferenciado pelo fato de ser do sexo feminino e escolheu os membros de seu Governo pela simples capacidade e jamais por questões sexuais. Prova disso é que em 11 anos e meio como premier, teve apenas uma mulher como ministra - Lynda Chalker, que serviu nas pastas dos Assuntos Europeus, entre 1986-89, e do Desenvolvimento Ultramarino, nos anos1989-90.

No âmbito econômico privatizou tudo o que era estatal e dava prejuízo. Foram vendidas para a iniciativa privada diversas empresas, entre as quais vale destacar a British Airways, Rolls-Royce e British Petroleum. Ao deixar o governo, deixou um legado de eficiência permitindo a economia inglesa ser mais flexível e estável, graças a suas medidas duras que geraram excelentes resultados no longo prazo.

Já no âmbito internacional, defendeu vigorosamente uma aliança política estratégica com o então presidente americano Ronald Reagan. Juntos minaram o poderio da União Soviética com uma forte batalha ideológica e econômica o que levou anos depois ao fim da Guerra Fria. Contudo, o maior desafio da Dama de Ferro foi a guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas, o que resultou na permanência britânica na região.

Independentemente da visão política é necessário analisar os principais legados deixados por Thatcher no Reino Unido e reconhecer o bem que ela fez ao seu povo e ao mundo na “revolução neoconservadora, que reverteu os excessos estatizantes e recalibrou o papel do livre mercado como o motor mais possante para a economia”.   

Falta então mais humildade e menos pragmatismo político a nossa presidente que deveria analisar o valor histórico de Margaret Thatcher no lugar de se prender a amarras ideológicas típicas da era em que a baronesa viveu – a da Guerra Fria. Afinal, mulheres no poder são raras, porém mais raras ainda são aquelas que com poder se tornam grandes em espírito e ações como Lady Thatcher foi.

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