domingo, 17 de junho de 2012

O futuro incerto de Merkel


Após queda de Sarkozy, seria Angela Merkel a próxima líder europeia a cair?  (Mihai Barbu/EPA)
Primeiro, o seu maior aliado externo não consegue se reeleger; depois, ela sofre uma derrota amarga numa eleição regional no próprio país. Esses acontecimentos em 2012 somados com a grave crise econômica que vive a União Europeia só fazem ficar mais amargo o futuro político da chanceler da Alemanha Angela Merkel.

A chefe de governo alemã tem o futuro da Europa nas mãos. Como maior credor do continente, a Alemanha tem o poder de resolver a crise da dívida governamental na zona do Euro. Como gigante econômico da Europa, é ela quem determina as direções da União Europeia, contudo uma série de acontecimento fizeram do que parecia um jogo fácil, uma grande armadilha que pode custar muito caro para ela.

Por mais que tenha nascido na então Alemanha Ocidental numa família de pai pastor luterano e mãe professora, Merkel viveu e cresceu na Alemanha Oriental, onde se formou em Química e começou as atividades políticas.

Com a reunificação da Alemanha, foi apadrinhada pelo então chanceler Helmud Kohl, da CDU (União Democrata-Cristã), e assumiu já em 1991 um ministério. Com a queda de Kohl e a ascensão do SPD (Partido Social-Democrata), se tornou líder da oposição, até que em 2005 ganhou as eleições e se tornou a primeira mulher chefe de governo da Alemanha.

Desde que assumiu o poder, Angela Merkel sempre manteve uma relação de muita proximidade com o então líder francês Nicolas Sarkozy, tanto que a imprensa costumava chamar o casal de Merkozy,já que ambos concordavam em quase tudo.

Com o endurecimento da crise econômica europeia, a partir de 2010, a boa relação de Merkozy foi decisiva no combate ao déficit orçamentário e na aplicação de medidas de austeridade no bloco europeu. Em suma, tanto Merkel quanto Sarkozy apoiaram a decisão de cortar gastos a fim de combater as dívida pública, contudo a consequência imediata foi a queda generalizada dos PIBs europeus e o início de uma recessão profunda.

Por ter estado em prática durante o ano eleitoral francês, a política de austeridade, por mais que seja a melhor escolha, segundo os economistas, afetou em cheio a popularidade de Sarkozy, permitindo a vitória de François Hollande, de ideias totalmente opostas as de Merkel.

Hollande promete complicar a vida da União Europeia ainda mais. Ele considera que já houve cortes orçamentários e austeridade demais na Europa, e que é preciso investir para retomar o desenvolvimento. Por isso, defende a gastança do Estado, a fim de estimular o crescimento do PIB e tentar tirar a Europa do “buraco”.

Essa ideia de que os governos deveriam aplicar grandes remessas de capital na realização de investimentos para aquecer a economia é muito incentivada pela teoria Keynesiana, todavia, é quase impossível porque os países europeus estão sem dinheiro, pois não absorveram "gorduras" razoáveis durante os momentos de crescimento pós-Guerra Fria, e há um enorme controle da emissão de Euro por parte do Banco Central Europeu, evitando assim aumento da Inflação.

Até agora, um consenso entre França e Alemanha não aconteceu, mas enquanto se pensa em uma melhor estratégia para salvar a União Europeia da falência, sinais de desgaste político de Angela Merkel começam a aparecer na Alemanha.

As medidas impopulares de cortes de gastos foram decisivas na derrota do partido de Merkel para a oposição no estado da Renânia do Norte-Westfália. Segundo os dados oficiais, o SPD obeteve 39,1% dos votos, enquanto o CDU só conseguiu 26,3%. Esse estado da Alemanha é o mais povoado do país com 18 milhões de habitantes, e conta com cidades como Colônia e Dusseldorf. Por abrigar cidades industriais e populosas, as eleições regionais na Renânia do Norte-Westfália é considerada uma prévia da eleição geral que ocorrerá em outubro de 2013.

As pesquisas apontam para um empate entre SPD e CDU na preferência dos eleitores para a eleição geral do ano que vem, contudo, se a situação europeia continuar preocupante, tensa e sem previsão de crescimento, a tendência será a queda do governo de Merkel, assim como aconteceu com o de Sarkozy na França, Zapatero na Espanha, e Sócrates em Portugal.

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