quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Abdicação do trono da infelicidade

O Duque e a Duquesa de Windsor pulando para o fotógrafo Philippe Halsman, 1958 (Life)
Permita-me fazer uma pergunta: você preferiria casar-se com o amor da sua vida ou se tornar rei do maior império de toda a história humana?

Essa pergunta foi feita a Edward VIII, quando, após a morte de seu pai, ascendeu ao trono britânico. O dilema foi criado quando o novo rei informou que tinha interesse em casar-se com a americana Wallis Simpson assim que fosse ratificado o segundo divórcio dela. Imagina, na conservadora Bretanha da década de 1930 a rainha seria uma “bi-divorciada”! Era algo inaceitável!

Instaurada uma crise constitucional, o rei convocou então o primeiro-ministro da época e informou que abdicaria se não pudesse se casar com Wallis. O chefe do governo, então, apresentou três opções a Edward: desistir, casar-se e contrariar os dogmas da Igreja Anglicana ou abdicar.

Com o avanço da tensão e temendo a recusa do Parlamento em coroar-lhe rei, decidiu na noite de 11 de dezembro de 1936 fazer um pronunciamento ao império, explicando sua decisão de abdicar. Nessa transmissão, ele diria a famosa frase: “Eu achei impossível carregar o pesado fardo da responsabilidade e cumprir meus deveres como rei, como eu gostaria de fazer, sem a ajuda e o apoio da mulher que eu amo”.

Após, casou-se com Wallis e tornaram-se Duque e Duquesa de Windsor e aparentemente viveram bem o resto da vida. Subiu ao trono, então, o irmão mais velho do ex-rei, George VI, que era gago e pai da atual rainha Elizabeth II.

Independentemente da pessoa de Edward VIII, que por sinal teve uma vida marcada por episódios polêmicos e posições de simpatia ao nazifascismo, é inegável que ele tomou uma decisão nobre, ao deixar a vaidade e o ego de lados para se juntar a mulher que mais amava. Edward não abriu mão de uma herança ou algo do gênero, mas sim de ser monarca do maior império já visto pela humanidade.

Para alguns foi o “idiota do século” mas ninguém melhor do que ele próprio poderia ter tomado tal atitude, por mais besta que possa ter sido. Sabia ele que nada adiantaria a vida na corte se no interior de seu peito pairava solidão e angústia por não ter feito o que seu coração mandava.

É quase impossível que nos deparemos em algum momento de nossa vida plebeia a um dilema igual a esse, todavia, em alguns momentos somos surpreendidos por situações que exigem de nós uma resposta tão difícil quanto a dessa história real.

O que podemos tirar desse fato é que não temos de seguir sempre a vontade dos outros em detrimento de nossa própria felicidade. Essa mania que infelizmente existe só causa insatisfação e inveja no mundo. Se uma pessoa desistiu de ser rei para buscar a própria felicidade, por que nós não poderíamos também?

Só você mesmo pode decidir por você. Não ligue para as imposições externas. Trave um diálogo com sua consciência e decida seu futuro. A felicidade não é uma coroa para os outros apreciarem mas um diamante bruto que só nós podemos ver, pois se encontra em nosso coração.

Abdique do trono da infelicidade e vá em busca do que lhe faz feliz!


*Este artigo foi originalmente publicado no perfil do autor no Facebook em 24 de fevereiro de 2016.

domingo, 14 de abril de 2013

O desprezo da presidente pela Dama

Thatcher ficou famosa por comandar com mãos de ferro mudanças no Reino Unido que tirariam o país de uma grave crise política e financeira (Life) 

Enquanto líderes mundiais lamentavam com longas e sinceras palavras o falecimento da Dama de Ferro, Margaret Thatcher, ilustre mulher e política do século XX, no Brasil a postura de nossa chefe de Estado foi na direção contrária. Dispensada nota de pesar como a que foi dada a Hugo Chávez, nossa presidente mandou que a Secretaria de Imprensa da Presidência da República divulgasse simples e curta nota dizendo que “ao tomar conhecimento hoje da noticia do falecimento de Margaret Thatcher, a presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte da primeira-ministra”.

Tal postura é totalmente impertinente e surreal em um país cuja presidenta formou o governo com o maior número de ministras da história e, falando em presidenta, mudou até regras gramaticais quando sancionou lei determinando o emprego obrigatório da flexão de gênero em documentos públicos para que fosse chamada de “presidenta” - a fim de dar um toque mais feminino ao cargo historicamente ocupado só por homens.

domingo, 3 de março de 2013

Sine panem in circus

O primeiro-ministro demissionário Mario Monti em visita surpresa às forças italianas no Afeganistão (NATOchannel)

Ao assumir o governo italiano em novembro de 2011, Mario Monti se deparou com uma maldita herança de seu antecessor Silvio Berlusconi. Depois de três anos e meio como primeiro-ministro, Berlusconi entregou um país em colapso – dívida pública de 1,9 trilhão de euros (121% do PIB), altos índices de corrupção e frequentes escândalos sexuais envolvendo altos políticos como o próprio premier.

Pela descrença generalizada nos políticos, o professor Monti foi convidado a assumir a chefia de governo por ser tido como o único capaz de implementar as duras políticas de austeridade que a Itália tanto necessitava. Com o apoio no parlamento dos maiores partidos do país, o economista formou um governo técnico que durante treze meses conduziu reformas estruturais que aliviaram as finanças italianas e restauraram a credibilidade do país perante os mercados.

domingo, 5 de agosto de 2012

O cara da conciliação

O então presidente João Figueiredo visita Minas Gerais acompanhado pelo governador oposicionista Tancredo Neves (Arquivo Veja)

Quando se fala em conciliação na política, logo se lembra do Gabinete da Conciliação do Marquês do Paraná durante o Segundo Reinado. Esse ministério que perdurou de 1853 a 1856, pode ser encaixado no sentido stricto sensu de conciliação, uma vez que só manteve uma paz interpartidária, continuando a haver um grande conflito social e econômico no país.

Se precisarmos de um exemplo de pessoa que fez uma conciliação no sentido amplo, logo virá a figura do político mineiro Tancredo Neves, que foi vereador, deputado, senador, governador, primeiro-ministro e por último presidente da República eleito.

domingo, 29 de julho de 2012

Vive la France?

François Hollande durante cerimônia do 14 de julho (MercoPress)


Em 2 meses e 14 dias no poder, o presidente francês, François Hollande, tem passado por uma série de acertos e derrotas durante sua administração que somadas levaram a sua popularidade cair cinco pontos em julho.

No aspecto político, o líder socialista tem conseguido aprovar decisões bastantes populares. Graças à nomeação de Jean-Marc Ayrault como primeiro-ministro, devido a maioria socialista na Assembleia Nacional, as relações com a Alemanha foram intensificadas, aprovou-se a saída das tropas francesas do Afeganistão e foi anunciado um projeto de aprovação do casamento gay na França.

domingo, 17 de junho de 2012

O futuro incerto de Merkel


Após queda de Sarkozy, seria Angela Merkel a próxima líder europeia a cair?  (Mihai Barbu/EPA)
Primeiro, o seu maior aliado externo não consegue se reeleger; depois, ela sofre uma derrota amarga numa eleição regional no próprio país. Esses acontecimentos em 2012 somados com a grave crise econômica que vive a União Europeia só fazem ficar mais amargo o futuro político da chanceler da Alemanha Angela Merkel.

A chefe de governo alemã tem o futuro da Europa nas mãos. Como maior credor do continente, a Alemanha tem o poder de resolver a crise da dívida governamental na zona do Euro. Como gigante econômico da Europa, é ela quem determina as direções da União Europeia, contudo uma série de acontecimento fizeram do que parecia um jogo fácil, uma grande armadilha que pode custar muito caro para ela.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Democratas, Republicanos e seus símbolos


Em novembro haverá eleição presidencial nos Estados Unidos, levando ao combate os dois maiores partidos do país, o Democrata e o Republicano, simbolizados respectivamente por um burro e um elefante. Esses símbolos se popularizaram através de charges políticas, principalmente de grandes cartunistas do século XIX, como Thomas Nast, pai da charge política americana.

Para melhor explicar o uso desses animais como símbolos dos partidos americanos, explanarei duas charges de Nast, uma chamada Um burro vivo chutando um leão morto (1870), sobre a origem do burrico democrata, e outra O pânico do terceiro mandato (1874), para explicar o uso do elefante como símbolo dos republicanos: